A moda do « Business Ethics » e a empresa a-morale La mode du « Business Ethics » et l’entreprise a-morale Véronique Attias-Delattre (Université Paris 6) Resumo A literatura dominante na área da gestão aborda as noções de « Business Ethics » numa visão utilitarista: as propostas relacionadas com a «ética» tornariam as organizações mais eficientes. Apesar da tautologia que deriva destas propostas, assistimos a um retorno da noção de ética no mundo empresarial. Ingenuidade? Não, responde o cínico! Interesse? Talvez! Se o desempenho da empresa analisada em termos económicos não é nem moral nem amoral, nas actividades quotidiana cada um é confrontado com situações de dúvida, de incerteza ou de dilemas coloridos por questões de ordem moral. Assim, as actividades individuais e colectivas cristalizam-se em situações organizacionais que levantam questões quanto à sua origem, às suas consequências previsíveis e aos processos de execução. Numa perspectiva mais ampla, a ética como fenómeno de moda em gestão acompanha um processo de desconstrução de situações. A questão do porquê deste retorno à ética no mundo da gestão é essencial e propomo-nos analisá-la em três ópticas complementares: • Uma análise geracional a «curto prazo»: a geração anterior representava a empresa como o local da realização individual. Ora as situações individuais difíceis como as do desemprego, por exemplo, ou as de «burn-out» mostraram que a empresa é também um lugar de sofrimento. A geração actual espera dos dirigentes o estabelecimento de regras morais que a proteja tanto do desemprego como de eventuais maus tratos exercidos pela mão visível dos gestores e invisível da organização. • Uma análise a «médio prazo»: o triunfo dos patrões. Há hoje muito poucos contra-poderes sociais nas empresas (declínio do social, diminuição da taxa de sindicalização, menos envolvimento do estado). Ora quando duas representações sociais estão em concorrência, não é porque uma é fraca (a dos sindicatos) que a outra é justa: esta é forte, mas pode ser também completamente falsa. Neste sentido, o enfraquecimento dos sindicatos e do contra-poder remete-nos para questões de ética: se o triunfo dos patrões é real, isso não significa que as suas acções sejam justas ou que eles tenham encontrado justificações positivas para elas. • Uma análise a «longo prazo»: como recriar elos sociais? A empresa e a escola são os únicos locais de socialização; ora a procura social em relação à empresa é moral e ao mesmo tempo política. Assim, a ética na gestão é analisada segundo diferentes abordagens: • O papel jurídico e político das empresas: o campo do «Business Ethics» desenvolveu-se para responder a questões sobre os modos de acção das empresas nos mercados públicos. Quanto ao campo da governança das empresas, desenvolveu-se para responder a perguntas sobre os modos de acção dos dirigentes. • O papel técnico e científico das empresas está relacionado com o lugar das empresas nas actividades de investigação. 96 • O papel moral tem a ver com a procura social de moralização da vida na empresa, com uma procura mais vasta sobre o dever e o interdito nas actividades colectivas (ao nível meso e dos grupos) e individuais. O nosso objectivo é analisar os trabalhos em «Business Ethics», numa perspectiva histórica, a curto, médio e longo prazo, para esclarecer o que está em jogo nesta exigência de moral feita às empresas e os papéis que desempenham no seu meio ambiente. Résumé La littérature dominante en management aborde les notions de « Business Ethics » dans une vision utilitariste : les démarches liées à l’ « éthique » rendraient les organisations plus performantes. Malgré la tautologie relevée dans ces démarches on assiste à un retour de la notion d’éthique dans le monde des entreprises. Naïveté ? Non, répond le cynique ! Intérêt ? Peut-être ! Si la performance de la firme analysée en termes économiques n’est ni morale ni amorale, dans ses activités quotidiennes chacun est confronté à des situations de doute, d’incertitudes ou des dilemmes colorées par des questions d’ordre moral. Ainsi les activités individuelles et collectives se cristallisent dans des situations organisationnelles qui font émerger des questions quant à leur origine, à leurs conséquences pressenties et aux processus mis en œuvre. Plus largement l’éthique comme phénomène de mode en management accompagne un processus de déconstruction des situations. La question du pourquoi ce retour à l’éthique dans le monde du management est essentielle; nous proposons de l’analyser selon trois regards complémentaires : Une analyse générationnelle de « courte durée » : la génération précédente représentait l’entreprise comme le lieu de la réalisation individuelle. Or les situations individuelles difficiles par exemple de chômage ou de burn-out ont montré que l’entreprise est aussi un lieu de souffrance. La génération actuelle attend des dirigeants qu’ils établissent des règles morales qui les protègent à la fois du chômage et de la maltraitance éventuelle qu’exerce la main visible des managers et invisible de l’organisation à leur encontre. Une analyse de « moyenne durée » : le triomphe des patrons. Il n’existe aujourd’hui que peu de contre-pouvoirs sociaux dans les entreprises (déclin du social, baisse du taux de syndicalisation, désengagement de l’état). Or quand deux représentations sociales sont en concurrence ce n’est pas parce que l’une est faible (celle des syndicats de salariés) que l’autre est juste : elle est forte mais elle peut être aussi tout aussi fausse. En ce sens l’effondrement des syndicats et d’un contre-pouvoir nous renvoie à des questions d’éthique : si le triomphe des patrons est réel cela ne signifie ni que leurs actions soient justes ni qu’ils aient trouvé des justifications positives à leurs actions. Une analyse de longue durée : comment recréer du lien social ? L’entreprise et l’école sont les seuls lieux de socialisation ; or la demande sociale envers l’entreprise devient à la fois morale et politique. Ainsi l’éthique en management s’analyse selon différentes approches : Le rôle juridique et politique des entreprises : le champ « Business Ethics » s’est développé afin de répondre à des questions sur les modes d’action des entreprises dans les marchés publics. Quant au 97 champ de la gouvernance des entreprises elle s’est développée afin de répondre à des questions sur les modes d’action des dirigeants salariés. Le rôle technique et scientifique des entreprises : par la place des entreprises dans les activités de recherche. Le rôle moral : par la demande sociale de moralisation de la vie en entreprise, une demande plus large sur le devoir et l’interdit dans des activités collectives (au niveau méso et des groupes) et individuelles. Notre objectif est d’analyser les travaux en « Business Ethics » dans une perspective historique, de courte, moyenne et longue durée, afin d’éclairer les enjeux de cette exigence de morale faite aux entreprises et leurs rôles dans leur environnement. 98